quarta-feira, 25 de maio de 2016

FML Pepper: guarde esse nome

Escritora niteroiense tem seu livro digital na lista dos 100 mais vendidos da Amazon Brasil e parte para lançamento impresso! 



Em 2010, em algum canto de Niterói, a dentista Fátima Pimentel carregava o primeiro filho na barriga. Mãe de primeira viagem, teve que passar pela gravidez de risco deitada na cama. Poderiam ser nove meses sem fazer nada de realmente útil, mas foi na verdade a virada na vida da niteroiense. Depois que o marido chegou em casa com um livro para ajudar a esposa a passar o tempo, um ciclo que culminou em quase 100 leituras em menos de um ano teve início. E, meses depois, a dentista deu luz a duas vidas: o primogênito e uma carreira como escritora. Em dezembro 2012, a dentista, que em menos de um ano se tornou mãe e autora, resolveu disponibilizar na internet sua primeira obra, “Não Pare”. Em janeiro de 2013, o livro entrou para os 100 livros mais vendidos na Amazon Brasil. Em 2015, com uma trilogia lançada, mais de 12 mil e-books vendidos, top 3 da categoria “jovem adulto” há mais de dois anos e primeiro lugar geral da Amazon Brasil, Fátima agora entra no mercado editorial impresso com o lançamento de “Não Pare” na versão em papel, pela editora Valentina. Assim como Beyoncé, que sobe ao palco incorporando “Sasha Fierce”, Fátima escreve como FML Pepper. Mas enquanto a cantora americana deixa Sasha para trás quando desce do palco, a escritora niteroiense hoje carrega FML durante todo o tempo, sem se importar com o significado negativo que a sigla tem em inglês.


“Eu sei o que é o ‘fuck my life’, mas não me incomodei, porque são as minhas iniciais mesmo. Quando isso começou, uma amiga minha, que é americana, até comentou, ‘ô Pepper, você sabe que isso pode até dar bem certo aqui?’. Os jovens vão ficar encucados. E o Pepper surgiu porque no curso de inglês onde eu dava aula mais jovem, virei Miss Pepper por causa do Pimentel, do meu sobrenome”, explica.

De aparência franzina, delicada, Pepper surpreende pelo “ritual” que tem para escrever, que, na verdade, nem é tão complicado assim. Com copos de café para sobreviver à noite em claro, ela faz questão de não ter gente falando por perto. Barulho só se for do fone de ouvido.  

“Eu sou apaixonada por Bruce Dickinson, Iron Maiden. Pra música eu gosto de rock “pauleira” mesmo, Ozzy Osbourne, Black Sabbath. Até gosto de Sia, David Guetta, Imagine Dragons. Mas aí vai ficando muito baladinha. Eu gosto de coisa assim, com batida, pesada”, diz. 


FML garante que, quando botou o livro para venda na Amazon, não imaginava que ainda partiria para o livro físico. A niteroiense conta que até chegou a mandar a história para uma grande editora, recebendo como resposta “um sonoro não”. Com o sucesso dos livros no plano virtual, a antiga ideia de levar a trilogia para o impresso voltou a rondar a cabeça da escritora.


O primeiro livro eu escrevi com a maior calma. E o segundo eu já escrevi sob uma certa pressão, com o pessoal cobrando, mandando e-mail “tá, mas cadê a continuação?”. E o pessoal, os blogueiros perguntavam quando ia sair no papel. Muita gente não estava lendo porque estava aguardando sair no papel. Eu entrava nos blogs e via o pessoal comentando “todo mundo disse que esse livro é bom, mas eu estou esperando sair impresso”. De 30 dos 35 comentários era isso”, relembra. 


Segundo Pepper, aceitar a proposta da editora Valentina teve muito a ver com os leitores, que fizeram campanha para levar “Não Pare” e seus irmãos para as prateleiras das livrarias.


“Eu posso dizer que me rendi por causa dos meus leitores. No dia do meu aniversário, eu abri minha caixa de entrada e tinha um monte de e-mails, centenas de pedidos com “queremos ‘Não Pare’ no papel”, com hashtag e tudo. Eu cheguei a achar que fosse um bug. Logo depois recebi propostas de três grandes editoras”, conta.

“No virtual, como as pessoas não veem, não gera tanta comoção. O físico gera. Eu acho que é parecido com aquela coisa quando você oficializa uma união. As pessoas estão juntas há 20 anos, mas parece que a sociedade gosta de ver aquela celebração para botar no papel. Para os meus leitores, eu deixei de ser uma coisa meio fantástica para ser mais real”, explica. 
Não satisfeita com o sucesso na internet e a chegada ao impresso, Pepper planeja, no futuro, levar a trilogia para os cinemas. 


“É o sonho da minha vida. E vai virar realidade. Da mesma forma que eu era nada e hoje cheguei até aqui, tenho fé que vou conversar com o mercado americano e vou trazer isso pro Brasil. E ainda vou ter o orgulho de dizer que sou a primeira niteroiense a conseguir isso”, acredita.

Pepper faz questão de rebater críticas de que ela não seria nacionalista, e explica que imaginou “uma história do mundo”, uma vez que a protagonista Nina passa por lugares como Nova Iorque e Amsterdã. Por isso mesmo, a escritora espera que o filme seja gravado no exterior, com artistas internacionais. O toque brasileiro ficaria por conta de José Padilha, diretor de filmes como “Tropa de Elite”, e sonho de consumo dela para a direção do filme.

“Eu já falei para o meu editor: se for o Padilha, eu aceito. Ele tem uma noção de violência. A gente pega alguém que dê um toque feminino e faz lá fora. Eu tenho o maior sonho, e acho que um dia vou conseguir. Nem que eu esteja velhinha, de bengala, falando “é o meu filme””, planeja. 

        Assista a uma entrevista da autora sobre os livros "Não pare", "Não olhe" e "Não fuja."

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